20 de abril de 2009

Rótulos!

Uma das minhas teorias para o fim dos cd's e de seu respectivo comércio, e também da falência das gravadoras vai além apenas da questão comercial e financeira. Não sei se a imprensa, as gravadoras, os empresários ou mesmo as bandas desde sempre tiveram o hábito de rótular os artista dentro de um determinado estilo. Mas como rotular a emoção (música é emoção, certo?) de alguém?

Esse é blog de blues, e tanto quanto o blues, eu gosto de rock and roll, country, funk e etc. Entre esses (e diversos outros) estilos, não tenho preconceitos com a música atual, e nela acabo encontrando grandes surpresas como Grace Potter And The Nocturnals, Ryan Birmingham e mais recentemente outro Ryan, o Ryan Adams acompanhado pela ótima banda The Cardinals. O estilo de música dele, por exemplo, é rotulado por Indie Folk, sendo que "Indie" seria um gênero alternativo, obscuro e Folk um gênero baseado na voz e violão, com letras mais "rurais" ou de protesto.

Ryan Adams canta basicamente sobre o amor, a desilusão que vem com ele e sobre a esperança. Sua carreira começou no início dos anos 90, e musicalmente ele está no seu auge, visto que seus 3 últimos albuns são excelentes (Gold, Easy Tiger & Cardinology). Sua música é bela e tem momentos mais rock e outros mais liricos. Por outro lado temos Neil Young, rotulado de como o Pai do Grunge fez parte do Flower Power no final dos anos 60 com a psicodélica banda Buffalo Springfield, depois se unido a Crosby, Stills & Nash, além de sua magnifica carreira solo. Neil também sempre oscilou sua música entre momentos mais rock e outros mais liricos. Longe de mim querer comparar Ryan Adams e Neil Young, pois Neil é único. Estou apenas falando sobre seus rótulos.

Os rótulos dividiram os artistas por prateleiras (e agora por pastas e links), e criaram barreiras entre o que realmente importa, a música. Quem disse que Elvis foi o rei do rock sendo que Chuck Berry criou tudo aquilo antes? Quem disse que o The Byrds era a resposta americana aos Beatles (ninguém poderia ser), e que Eric Clapton era Deus (Se Clapton era Deus, quem seria Jimi Hendrix?). Quem disse que o AC/DC é uma banda de Heavy Metal? Que o punk foi a salvação do Rock? Que no Brasil só se toca mpb ou bossa nova? Diziam que os Rolling Stones e os Beatles eram rivais, e seus fãs aprenderam a odiar a banda rival. Muitos fãs dos Beatles não toleram Rolling Stones até hoje, e vice-versa. Mas por que, sendo que os Beatles tem Eleanor Rigby e os Rolling Stones tem She's a Raibow?

Quem saiu perdendo com tantos rótulos? A música saiu, e com certeza os fãs de boa música também pois o CD do Ryan Adams não está na mesma seção que o do Neil Young, e assim muita gente não enxerga que hoje se faz tanta música boa como sempre se fez, é apenas questão de procurar. Criaram-se tantos rótulos que dificulta descobrir o que é bom do que é ruim. Neil Young e Ryan Adams fazem Boa Música e é o que eles tem em comum. Rótulos são para produtos em lojas de departamento, não são para as emoções das pessoas.


Postado por társio, ao som de Harder Now That It's Over de Ryan Adams que rolou logo após Long May You Run, de Neil Young.

17 de abril de 2009

Honeydripper - Do Blues ao Rock






















Dois anos atrasado, chega nas telas de cinema do Brasil mais um filme voltado para o Blues.

Informações da Veja São Paulo :

Drama. No interior do Alabama de 1950, Tyrone (Danny Glover) está atolado em dívidas. Os clientes sumiram de seu bar e, para tentar atraí-los novamente, ele resolve promover uma noitada mais agitada, ao som da guitarra em vez do habitual blues. Enquanto aguarda ansioso a chegada de Guitar Sam, o guitarrista escalado para tocar, Tyrone dá abrigo a outro negro, o jovem Sonny (Gary Clark Jr.). Também músico à procura de emprego, ele acaba adiando seu sonho para ganhar alguns dólares numa colheita de algodão. Um dos nomes mais badalados do cinema independente americano, John Sayles faz um retrato de época aquém do esperado. Além do conflito racial pouco explorado, sua incursão nos primórdios do rock'n'roll, embora bem produzida, não chega a entusiasmar. Com Yaya DaCosta (123min). Censura e circuito a conferir. Estreia prometida para sexta (17).

15 de abril de 2009

Timbres !!!






















Dentro do universo “guitarristico” , quanta gente vidrada em timbres encontramos por aí. Quantos aficionados por captadores, chaves seletoras, corpos e braços de guitarras e seus formatos e sons diferenciados. Isso é tudo uma grande loucura ! Talvez este misterioso desejo “timbrístico” seja a resposta para a tão famosa G.A.S. Se você não sabe o que é isso eu explico. Guitar Acquisition Syndrome !!!! Uma maldita doença Psiconeurótica ! E pega viu !!! Quantos malucos por aí vivem gastando toda a sua grana na busca pelo timbre ideal. Será que eu sou maluco ?? Existe uma diversidade de guitarras, amplificadores e latas pelo mundo afora. Essa maldita doença é capaz de falir muitos pais de famílias por aí. Mas a verdade é que essa tal de G.A.S. altera mesmo a nossa cabeça. Eu podia ser feliz, ter uma Ibanez amarela e uma pedaleira Zoom, mas não eu tinha que gostar dos sons de antigamente !

O apelo para a realização de vendas de instrumentos musicais é muito forte. E se a gente analisar a fundo, vai perceber realmente que tem muito marketing voltado para um passado não tão distante da história da guitarra. Mas a realidade é que isso tudo contamina. E a gente começa a pirar no som que queremos fazer.

Já imaginou o som de Eric Clapton sem a famosa Stratocaster ? Eu sei que ele utilizou outras guitarras em sua carreira, mas a Stratocaster, chega a fazer parte de seu corpo. Já imaginou o Allman Brothers sem a pegada de uma magnífica Les Paul ? Não dá ! Consegue imaginar outra guitarra pegando fogo no palco, na frente de Jimi Hendrix ? Não né ? Você tenta imaginar, mas só vê uma Fender a queimar ! Será que o som de Neil Young seria a mesma coisa sem a famosa “Old Black” ? E Peter Green ? Soaria da mesma forma sem a inversão dos pólos dos captadores de sua ex - Les Paul ??? Gary Moore que o diga né ? E Fredie King ? E B.B. King ?? Quantas peculiaridades não ?

Toda essa massa sonora produzida desde os anos 50 através dos sons de guitarras nos traz um assunto muito sério. Como é que queremos soar ??? A resposta é bem mais fácil do que a realização do objetivo! Aquela história de prática e teoria sabe ? Tá todo mundo cansado de saber que além do instrumento, os dedos contam muito no timbre. E alguns caras são tão mágicos que a gente saca a pegada no primeiro Bend !

Enfim, na Marafa Blues Band a gente prioriza o som crú. A gente sabe que é impossível soar como antigamente. Guitarras com 50 anos de idade soam muito diferente de guitarras produzidas atualmente. Madeira seca é o elemento maior de toda essa história!
A nossa idéia é tentar soar o mais próximo possível de tudo o que a gente curte. E a gente curte a raça, a pegada de músicos que não tinham ferramentas de trabalho modernas. Guitarristas que timbravam e arrancavam sons maravilhoso na unha, na raça. Tentamos alcançar essa vibe transmitida pelo Blues e o Rock tradicional. Tarefa muito difícil. Mas nos vamos seguir com nosso objetivo !

Abraços

6 de abril de 2009

04/04/09 - Marafa Blues & Bimbolls Brothers no St Johns

Neste final de semana rolaram os shows da Marafa Blues no Relicário Rock Bar e St Johns Irish Pub. Nós queriamos agradecer muito à audiência de ambas as casas, aos amigos que por lá apareceram, aos funcionarios das casas, e a galera da Banda Bimbolls Brothers pelo convite, e parabenizar pelo ótimo show (e pelo aniversário do baterista Alê Rossi)! Blues rock de qualidade com muita vibe! Seguem umas fotos do show no St. Johns. Em breve posto as do Relicário.

Marafa Blues - Társio, Andre Hohmer, Helio Moreti, Djalma Diniz e Claudio Crotti

Marafa Blues - André Hohmer & Helio Moreti

Marafa Blues - André Hohmer, Djalma Diniz & Claudio Crotti

Marafa Blues - Társio

Bimbolls Brothers - Frank, Edu, Alê Rossi e Roberto Terremoto.

Bimbolls Brothers - Alê Rossi (o aniversariante!)

Bimbolls Brothers - Frank

Bimbolls Brothers - Edu

Bimbollns Brothers - Roberto Terremoto


Postado por Társio ao som de R.L Burnside - Alice Mae

2 de abril de 2009

Eu quero ser Noel Gallagher!

Voltando no tempo, estamos em 1995 e eu com meus 13 anos de idade. Naquela época não existia internet, youtube, mp3, msn ou google. Quando alguém gostava de uma banda vestia sua camisa, comprava seus discos e acompanhava todo mês as revistas de música e notas no jornal para saber as informações de sua banda predileta, e até mesmo apelava para a MTV. Nessa época eu precisava de uma "nova" banda favorita, pois o Guns 'n Roses havia desandado. Foi quando descobri o Oasis, de Noel Gallagher.

O Oasis é uma daquelas bandas que se você gosta você adora, e se não gosta odeia. Seu líder não é Liam Gallagher, e sim seu irmão Noel, principal compositor e lead guitar da banda. Ao pensar em um lead guitar de uma banda de rock pensamos em Jimmy Page, Joe Perry ou Keith Richards, mas Noel não é nada disso. Ele não é um riffmaster nem mesmo um guitarrista solo virtuoso, ele não criou novas páginas na história da guitarra. Muito pelo contrário, pois por trás das camadas de guitarras psicodélicas, efeitos e distorções que são característicos no som do Oasis, tem uma sonoridade fantástica que vem simplesmente de um violão e do Noel tocando acordes abertos (aqueles mais simples, que são os primeiros que se aprende ao começar a tocar guitarra/violão). Esse som é tão fantástico pois Noel cria grandes músicas, e no formato acústico as músicas desse cara que cresceu ouvindo The Beatles crescem demais.

Naturalmente que o Oasis tem grandes guitarras em suas músicas (são exemplos disso Supersonic e Gas Panic) pois a banda possui outro guitarrista fantástico chamado Gem Archer, porém no formato acústico eu destaco 2 momentos sublimes do Noel e suas canções. Em 1996 o Oasis fez seu Unplugged MTV (excelente programa que infelizmente foi deixado de lado pela emissora), e num dos escandalos dos irmãos Gallagher Liam não subiu ao palco, e Noel resolveu fazer o show mesmo assim, cantando todas as músicas, e com sua voz e seu violão deu vida a canções praticamente obscuras do repertório da banda, tais como Talk Tonight, The Masterplan e Listen Up.

Coincidência ou não, 10 anos passados Noel e Gem fizeram uma série de show num formato semelhante, porém acrescentando a guitarra de Gem junto ao violão. Destas apresentações sairam materiais conhecidos como "Sitting here in silence" e "The Dreams We Have As Children", que apresentam algumas das mesmas músicas daquele acústico MTV, além de canções mais recentes como The Importance of Being Idle e Don't go away e versões irreconhecíveis para Fade Away e Slide Away (as melhores do show). Claro que não poderiam faltar covers dos Beatles, e encontramos belissimas versões de Strawberry Field Forever e All You Need is Love, e uma surpreendente (e bela) versão para "There Is A Light That Never Goes Out", do Smiths (O.O).

Esse é o tipo de músico que me lembra que por trás de todos os clichês do rock and roll, é preciso ter grandes músicas, e em Maio eu estarei lá para ver e ouvi-las ao vivo, novamente.

Postado por Társio, ao som de Noel Gallagher & Gem Archer - Slide away.